quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Centenário de Aracy de Almeida


Comemorou-se nesse último dia 19 passado, o centenário de nascimento de nossa "Araca" - Aracy Teles de Almeida nasceu em 19 de agosto de 1914. Foi criada no subúrbio carioca, no bairro de Encantado, numa grande família protestante; o pai, Baltazar Teles de Almeida, era chefe de trens da Central do Brasil e a mãe, dona Hermogênea, dona de casa. Tinha apenas irmãos homens.

Estudou num colégio no bairro do Engenho de Dentro, onde foi colega do radialista Alziro Zarur, passando depois para o Colégio Nacional, no Méier. Aracy costumava cantar hinos religiosos na Igreja Batista e, escondida dos pais, cantava músicas de entidades em terreiros de candomblé e no bloco carnavalesco "Somos de pouco falar". "Mas isso não rendia dinheirim", como Aracy dizia.

Mais tarde, conheceu Custódio Mesquita, por intermédio de um amigo. Cantou para ele a música Bom-dia, Meu Amor (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano), conseguindo entrar a Rádio Educadora (depois Tamoio), em 1933. Ali mesmo, conheceu Noel Rosa e aceitou o convite, que ele lhe fez, para "tomar umas cervejas cascatinhas na Taberna da Glória". Desde este dia, o acompanhou todas as noites.

No ano seguinte, gravou para o Carnaval seu primeiro disco, pela Columbia, com a música Em plena folia (Julieta de Oliveira). Em 1935 assinou seu primeiro contrato com a Rádio Cruzeiro do Sul e gravou Seu Riso de Criança, composição de Noel Rosa, de quem se tornaria a principal intérprete.


Transferindo-se para a Victor, participou do coro de diversas gravações e lançou, ainda em 1935, como solista, Triste cuíca (Noel Rosa e Hervé Cordovil), Cansei de pedir, Amor de parceria (ambas de Noel Rosa) e Tenho uma rival (Valfrido Silva). A partir de então, tornou-se conhecida como intérprete de sambas e músicas carnavalescas, tendo sido apelidada por César Ladeira de "O Samba em Pessoa". Trabalhou na Rádio Philips com Sílvio Caldas, no Programa Casé; na Cajuti, Mayrink Veiga e Ipanema, excursionando com Carmen Miranda pelo Rio Grande do Sul.

Em 1936 foi para a Rádio Tupi e gravou com sucesso duas músicas de Noel Rosa: Palpite infeliz e O X do problema. Em 1937 atuou na Rádio Nacional e destacou-se com os sambas Tenha pena de mim (Ciro de Sousa e Babau), Eu sei sofrer (Noel Rosa e Vadico) e Último desejo, de Noel Rosa, que faleceu nesse ano.

Gravou, em 1938, Século do Progresso (Noel Rosa) e Feitiço da Vila (Noel Rosa e Vadico), e, em 1939, lançou em disco Chorei quando o Dia Clareou (Davi Nasser e Nelson Teixeira) e Camisa amarela (Ari Barroso). Para o Carnaval de 1940, gravou a marcha O Passarinho do relógio (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) e, no ano seguinte, O Passo do canguru (dos mesmos autores).

Em 1942, lançou o samba Fez Bobagem (Assis Valente), Caramuru (B.Toledo, Santos Rodrigues e Alfeu Pinto), Tem galinha no bonde e A Mulher do leiteiro (ambas de Milton de Oliveira e Haroldo Lobo). Fez sucesso no Carnaval de 1948 com Não me Diga Adeus (Paquito, Luis Soberano e João Cerreia da Silva) e, em 1949, gravou João ninguém (Noel Rosa) e Filosofia (Noel Rosa e André Filho).

Entre 1948 e 1952, trabalhou na boate carioca Vogue, sempre cantando o repertório de Noel Rosa; graças ao sucesso de suas interpretações nessa temporada, lançou pela Continental dois álbuns de 78 rpm com músicas desse compositor: o primeiro deles, lançado em setembro de 1950, continha Conversa de botequim (com Vadico), Feitiço da Vila (com Vadico), O X do problema, Palpite infeliz, Não tem tradução e Último desejo; no segundo, lançado em março de 1951, interpretou Pra que mentir (com Vadico), Silêncio de um minuto, Feitio de Oração (com Vadico), Três apitos, Com que roupa e O Orvalho Vem Caindo (com Kid Pepe).

Foi, ao lado de Carmen Miranda, a maior cantora de sambas dos anos 30. Depois de atuar com sucesso na boate Vogue em Copacabana na década de 40, entre 1950 e 1951, gravou dois álbuns dedicados a Noel Rosa, que seriam responsáveis pela reavaliação da obra do poeta da Vila.

Mudou-se para a Cidade de São Paulo em 1950, e lá viveu durante 12 anos. Em 1955 trabalhou no filme Carnaval em lá maior, de Ademar Gonzaga, e lançou, pela Continental, um LP de dez polegadas só com músicas de Noel Rosa, no qual foi acompanhada pela orquestra de Vadico, cantando, entre outras, São Coisas Nossas, Fita Amarela e as composições inéditas Meu Barracão, Cor de Cinza, Voltaste e A Melhor do Planeta (com Almirante).

Três anos depois, lançou pela Polydor o LP Samba em pessoa. Em 1962 a RCA, reaproveitando velhas matrizes, editou o disco Chave de ouro. Em 1964, gravou com a dupla Tonico e Tinoco, o cateretê Tô chegando agora (Mário Vieira) e apresentou-se com Sérgio Porto e Billy Blanco na boate Zum-Zum no Rio de Janeiro.
Em 1965, fez vários shows no Rio de Janeiro: "Samba pede passagem", no Teatro Opinião; "Conversa de botequim", dirigido por Miele e Ronaldo Boscoli, no Crepúsculo; e um espetáculo na boate Le Club, com o cantor Murilo de Almeida. No ano seguinte, a Elenco lançava o disco Samba é Aracy de Almeida. Com o cômico Pagano Sobrinho, fez "É proibido colocar cartazes", um programa de calouros da TV Record, de São Paulo, em 1968. No ano seguinte, a dupla apresentou-se na boate paulistana Canto Terzo. Ainda em 1969, fez o show "Que maravilha!", no Teatro Cacilda Becker em São Paulo, ao lado de Jorge Ben, Toquinho e Paulinho da Viola.

Depois disso, com a entrada da bossa nova, os intérpretes de samba já não eram tão solicitados. Aracy trabalhou em vários programas de TV: Programa do Bolinha; na TV Tupi, com Mário Montalvão; na TV Globo, com a Buzina do Chacrinha; no Programa Silvio Santos; programas na TVE; Programa da Pepita Rodrigues, na TV Manchete; Programa do Perlingeiro, na TV Excelsior; no Almoço com as estrelas, com Aérton Perlingeiro, entre outros.

Em 1988, Aracy teve um edema pulmonar. No início, ficou internada em São Paulo, retornando ao Rio de Janeiro para o hospital da SEMEG, na Tijuca. Silvio Santos a ajudou financeiramente na época em que esteve doente e lhe telefonava todos os dias, às 18 horas, para saber como ela estava.

Depois de dois meses em coma, voltou a lucidez por dois dias, e, num súbito aumento de pressão arterial, faleceu no dia 20 de junho, aos 74 anos. Seu corpo foi velado no teatro João Caetano, visto que seu último show com Albino Pinheiro havia sido lá. O Jardim da saudade doou o túmulo para ela, porém já havia uma gaveta no cemitério em São Paulo, mas Adelaide não quis levá-la para lá. O Corpo de Bombeiros percorreu parte do Rio de Janeiro com a sua urna como homenagem, passando pelos lugares importantes freqüentados por Aracy (Copacabana, Glória, Lapa, Vila Isabel, Méier e Encantado). Ela não casou e não quis ter filhos, apesar de ter morado com alguns namorados.

Fonte: Wikipedia

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Vinte e Cinco anos sem o Rei do Baião

Nesse último dia 2 passado, completaram o primeiro quarto de século que o Brasil se despedia de Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei do Baião, um dos grandes ícones da música popular nordestina. Gonzagão, que nasceu em Exu (PE) e dedicou boa parte da sua vida a criar e a cantar hinos como ‘Asa Branca’, ‘Olha pro céu’ e ‘No meu pé de serra’, morreu vítima de uma parada cardiorrespiratória no Hospital Santa Joana, em Recife (PE).


No lugar da coroa, ele usava um chapéu de couro. Nas mãos, o cetro dava lugar à sanfona. Muito popular entre os milhões de súditos, Luiz Gonzaga era um monarca diferente, o rei do baião. Ele nasceu em uma sexta-feira 13, mas o mau agouro passaria longe. A paixão pela música surgiu vendo o pai tocar em casa e festas da região.

Ele não amou só o acordeon, também se apaixonou pela filha de um fazendeiro, que não aceitou a união e ameaçou o rapaz de morte. Gonzaga fugiu de casa e foi para o Ceará, onde entrou no exército. Trocou a sanfona pela corneta na vida militar, ficando conhecido como ‘Bico de aço’. Depois de dez anos de quartel, pediu baixa no Rio de Janeiro.

Quando decidiu fazer a carreira musical, começou a tocar em bares, festas e nas ruas. Uma apresentação no programa de rádio de Ary Barroso, no começo da década de 40, foi marcante. Luiz Gonzaga interpretou ‘Vira e mexe’, canção instrumental de sua autoria. Muito aplaudido e elogiado, foi convidado a entrar em estúdio.

A HORA DE SOLTAR A VOZ

Além dos muitos discos, veio também a ideia de se vestir de vaqueiro, figurino com o qual seria consagrado. Depois do sucesso tocando, era a hora de soltar a voz. ‘Dança Mariquinha’ foi a primeira que ele gravou cantando.

No mesmo ano, assumiu a paternidade do filho de uma namorada. Gonzaguinha recebeu o mesmo nome do pai e o talento para a música. Após uma relação conflituosa durante anos, os dois chegaram a fazer shows juntos na velhice de Gonzagão. Em 1948, conheceu Helena, com quem se casaria e ficaria junto até o fim da vida.


Luiz Gonzaga é um dos artistas com mais discos vendidos na história da música brasileira, autor de clássicos como ‘Asa branca’, ‘Qui nem jiló’ e ‘Baião’. O ritmo, aliás, virou samba em 2012, em um desfile que deu à Unidos da Tijuca o título de campeã do carnaval carioca naquele ano.

Há 25 anos, Gonzagão “olhava para o céu”. Uma parada cardiorrespiratória calava a sanfona real. Mas houve festa lá em cima, afinal, o rei estava chegando.

Fontes: http://g1.globo.com/
             

Morre o Cantor Roberto Paiva


Morreu na quinta-feira última o cantor Roberto Paiva, aos 93 anos de idade. A passagem se deu no Rio de Janeiro e o enterro foi no Cemitério São João Batista. A morte não foi notícia de jornal, sendo anunciada apenas por Osmar Frazão, em seu perfil social. Uma perda para a Música Popular Brasileira, Roberto Paiva, embora discreto, foi sempre um cantor muito requisitado por compositores brasileiros.

Roberto Paiva nasceu em 8 de fevereiro de 1921, no Rio de Janeiro, e por lá mesmo foi criado. Teve uma atuação muito discreta na música brasileira, e era considerado um cantor correto, por isso mesmo tão procurado pelos compositores. Em 1956, sua correção é atestada no histórico LP original “Orfeu da Conceição”, com músicas iniciais de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

Iniciou a vida artística como cantor romântico, mas ousou passear por sambas e marchinhas de carnaval. Ainda era estudante do ginásio, no Colégio Pedro II, quando começou sua jornada, vencendo um programa de calouros da Rádio Clube Fluminense, de Niterói, interpretando a valsa “A você”, de Francisco Alves. Cyro Monteiro, então, levou-o para o programa “Picolino”, de Barbosa Júnior, na Rádio Mayrink Veiga. Lá ele conheceu o pianista Nonô e o violonista Laurindo de Almeida, que o levou para a Odeon.

Em 1938 gravou seu primeiro disco, interpretando “Último samba”, de Laurindo de Almeida e a valsa “Jardim das Flores”, de Nonô e Francisco Matoso, acompanhado da Orquestra Odeon. No mesmo ano gravou “Foi um falso amor”, de Dunga, e a marcha “Palhaços azuis”, de Vicente Paiva. Em 1939 gravou, de J. Cascata e Leonel Azevedo a valsa “Ao cair da noite”, e o samba “Longe, muito longe”.

Gravou sempre, nos anos seguintes, com interpretações inesquecíveis de Geraldo Pereira, Nelson Teixeira, Pixinguinha, Ataulfo Alves entre tantos outros.

A história da música perdeu quando ele se recusou a gravar o samba “Falsa baiana”, maior sucesso da carreira de Geraldo Pereira. Em 1944 foi gravado por Cyro Monteiro e Roberto Paiva declarou: “Era de madrugada e o Geraldo, 'meio alto', cantou enrolando as palavras, dando a impressão de que o samba estava 'quebrado'. Um mês depois, ao ouvi-lo na voz de Cyro, descobri que aquela beleza toda era o samba que o Geraldo me oferecera”.

Mas se não gravou “Falsa baiana”, Paiva foi a voz na primeira gravação da belíssima “Se todos fossem iguais a você”, além de ter emprestado sua interpretação única em “Menino de Braçanã”, “Patrão o trem atrasou”, “Palpite infeliz” e tantas mais. Sua discografia é assunto obrigatório dos amantes da música popular brasileira.

Fonte: http://jornalggn.com.br/
            Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira

Morre Zé Menezes, o Músico dos Mil Instrumentos



Morreu na noite desta quinta-feira (31), aos 93 anos, em Teresópolis, Região Serrana do Rio, o músico instrumentista José Menezes de França, o Zé Menezes, como era chamado. Ele estava internado no Hospital São José e a causa da morte ainda não foi divulgada.
Zé Menezes foi diretor musical na Rede Globo, onde ingressou na década de 70. Ele é autor, entre várias trilhas sonoras e consagradas, do tema de abertura de Os Trapalhões e de vinhetas como do Chico City e Viva o Gordo.
Nascido em Jardim, cidade no interior do Ceará, começou a se interessar pela música ainda na infância. Ganhou fama no pequeno município apelidado por Zé do Cavaquinho quando tinha apenas 9 anos. Um ano antes foi convidado pelo maestro Arlindo Cruz para tocar profissionalmente em um cinema de Juazeiro. Aos 11 passou a integrar a Banda Municipal de Juazeiro.
Em 1943, aos 22 anos, Zé Menezes deixou o Ceará a convite do radialista César Ladeira que o ouviu tocar e o convenceu a seguir carreira no Rio de Janeiro, então ainda capital federal. Quatro anos mais tarde ele foi contratado pela Rádio Nacional.
Sua primeira canção gravada foi o samba “Nova Ilusão”, composta em parceria com Luiz Bittecourt, com quem assinou vários sucessos. Quem a gravou foi o grupo “Os Cariocas”. Da parceria com Bittencourt se destacam ainda o samba-canção “Mais uma ilusão”, os choros “Sereno”, “Comigo é assim” e “Seresteiro”.

O samba “Nova Ilusão” chegou a ser gravado em inglês por Billy Eckstine. Quem também gravou composições de Zé Menezes foi Tom Jobim, entre outros músicos consagrados.
Com mais de 80 anos, já nos anos 2000, Zé Menezes lançou o projeto ‘Zé Menezes – Autoral’, que contemplava a gravação de três CDs e o registro em CD-Room de seus acervo digitalizado, incluindo partituras e suas composições.

Fonte: G1.com.br